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Morreu aos 98 anos, em Lagoa Formosa, o poeta Juca da Angélica

Segunda 26/09/2016 - André Amâncio
Fonte: FOTO: Maria Rita Pires do Rio/Divulgação
Morreu aos 98 anos, em Lagoa Formosa, o poeta Juca da Angélica
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O Brasil perdeu um de seus maiores poetas e oradores populares. Faleceu na noite de sábado, 24 de setembro, aos 98 anos de idade, em Lagoa Formosa, “Juca da Angélica”.  José Joaquim de Souza (Juca da Angélica) estava internado há alguns dias no Hospital de Lagoa Formosa, onde faleceu. O velório aconteceu na tarde de domingo, no Cemitério de Lagoa Formosa.

O poeta José Joaquim de Souza, o Juca da Angêlica, nasceu no dia 7 de junho de 1918, na Fazenda Mata-Burro, zona rural de Lagoa Formosa. Começou a trabalhar desde cedo para ajudar no sustento da casa. Primeiro trabalhou como candeeiro (guia de carro de bois) e depois como carreiro, onde ficou conhecido em toda a região. Casou-se aos 33 anos e teve cinco filhos.

Dono de uma memória e lucidez extraordinárias, Seu Juca guardava grande maioria de seus poemas na cabeça. Apesar de ter sido alfabetizado apenas aos 14 anos de idade, e ter frequentado a escola por apenas três meses, o poeta matuto era um gênio dentro de sua realidade. Com sua lírica especial e, ao mesmo tempo singela, o poeta apresentava seus feitos, desejos e histórias com sua típica linguagem regional.

Seus poemas começaram a ganhar fama regional por volta do ano 2000, quando foi convidado pela artista plástica Marialda de Amorim Coury Martins para uma exposição em Patos de Minas. Em 2001, com ajuda do filho de Juca, Paulo José, de Luis André Nepomuceno e do poeta Paulo Nunes, foi lançado o livro “Meu Canto é Saudade”, onde parte significativa da obra de Seu Juca pôde ser registrada.

Em 2014 foi gravado o álbum “Puisia”, pelo Trio José, com as poesias de Seu Juca, e o curta-metragem “Meu canto é saudade- A Poesia de Juca da Angélica”, de Diogénes S. Miranda.

 

Meu Canto é Saudade a poesia de Seu Juca da Angélica from Diógenes S. Miranda on Vimeo.

Lá vai a garça avoando

Juca da Angélica

Lá vai a garça avoando,
Baxa, aqui, baxa aculá...
Mim leva, graça, mi leva,
Mim tira desse lugá!

Lá vai a garça avoano,
Cas pena qui Deus lhe deu...
Contano penas por penas,
Mais pena padeço eu!

Lá vai a garça avoano...
Avôa, garça, avôa!
Tá de inxoval branquinho
É a noiva da Lagoa!

Lá vai a garça avoano,
Mim leva, graça, mim leva!
Mim põe lá no paraíso,
Aonde andava Adão e Eva!

Quem mim dera, graça branca,
Qui pudesse mim levar
Pro um lugar longe, tão longe,
Qui eu num pudesse voltar!

Mim leva, garça, mim leva,
Prum diserto muito além,
Qui ninguém saibas de mim,
Nem eu saibas de ninguém!

Mim leva, garça, mim leva
Prum lugar discunhicido,
Pra ninguém ficar sabeno,
Pronde anda o desvalido!

Mim leva, garça, mim leva,
Mim põe notro país,
Num quero que ninguém saiba,
Nutícia do infeliz!

 

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